O
que o leitor irá conhecer nas páginas autobiográficas de A Fazenda Africana da dinamarquesa Isak
Dinesen (pseudônimo de Karen Blixen) é a qualidade nata de uma contadora de
histórias. A voz narrativa que ecoa ao longo da leitura nos embala e, por
vezes, nos presenteia com reflexões surpreendentes em relação aos assuntos mais
cotidianos. Sua sensibilidade única transforma estes momentos em pequenas pérolas
que carregamos conosco por dias a fio e que acabam fazendo com que olhemos o
mundo de outra forma. É o caso, por exemplo, da sua descrição do trabalho com o
carvão, que em sua voz se transforma em “uma espécie de pequena e negra múmia
da floresta”.
Mas o que mais
surpreende na narrativa da autora é sua maneira de observar o mundo. Logo na página 20 da
minha edição (Civilização Brasileira, 1979) a autora nos oferece uma chave de
leitura importante (leitura da obra e também da vida). Ao relatar sua
experiência como médica dos Kikuyus ela nos fala (com admiração) que, para
eles, “... entre as qualidades que esperam encontrar num Mestre, num médico ou
em um Deus, a imaginação, é o que vem em primeiro lugar”.
Não seria esta
também uma verdade para a autora?
O contraste,
ou melhor, a forma como ela tece esse preceito com as árduas tarefas de
administradora da fazenda resultam na sua forma de transformar registro em
poesia, em “desenho vivo”, como aquela lembrança tão vívida de ver surgir, da palavra falada, a imagem de uma cegonha.
Leitura feita a partir do Projeto Mulheres Modernistas do Fórum Entre Pontos e Vírgulas.
Leitura feita a partir do Projeto Mulheres Modernistas do Fórum Entre Pontos e Vírgulas.
Ótima resenha, Lara! =D
ResponderExcluirQue bom que você decidiu participar do projeto com a gente. Você tem toda razão quando diz que Karen Blixen é uma contadora de histórias nata.
Beijos e seja bem vinda! Se quiser levantar alguma discussão lá no tópico, fique à vontade.
Eduarda, do blog http://maquiadanalivraria.blogspot.com.br/